sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Cidadania construida apartir do ensino da geografia


Nas cadeias da concepção humana sobre cidadania, fixa-se rigorosamente - mesmo que inconsciente - a idéia de direitos e deveres. Mesmo o homem conhecendo ou não seu papel face a sociedade, se veicula a noção de ser cidadão por ter deveres e direitos. Esse critério que determina a posição do individuo contraditoriamente nas correntes do mundo se relaciona com o papel da educação na medida em que é considerado o elo entre o ensinar e o aprender a ser cidadão.
Cabe ao papel da ciência, dentro de seus limites curriculares, estabelecer o equilíbrio dessa transferência de conhecimento. A educação vê-se então diante de um serio desafio, na medida em que, construir um cidadão, vai muito além do que a mera concepção que se da à cidadania.
A geografia dentro desse tramite se revela como uma ciência fundamental. Que deve reforçar os verdadeiros significados de cidadania dentro da escola. Como construir esse ideal? Não se trata de algo ligeiro, mas de um processo que depende da sintonia de vários fatores ligados ao individuo e o espaço habitado por ele relacionado aos parâmetros sociais, econômicos e políticos.
A geografia tende a direcionar um método para a analise em questão: “se a formação do educando para ser um cidadão passa pela idéia de prepará-lo para “aprender a aprender”, para “saber fazer”, o papel das disciplinas escolares, e o da geografia particularmente, tem a ver com o método, quer dizer, de que forma se ira abordar a realidade.”(CALLAI, Helena Copetti, a geografia e a escola: muda a geografia? Muda o ensino?, 2001). Segundo a autora, cabe a ciência ter o conhecimento preciso de seu objeto, para que ao transmitir o conhecimento, a fim de propiciar meios para a construção de um cidadão, se tenha coerentemente a analise contextual do individuo e jamais um isolamento. Pois tendo em vista as condições sociais de cada um é que se formam as bases para as criticas conceituais.
A geografia deve se relacionar com as demais disciplinas, reduzir, dar fim a distancia entre elas. A ciência geográfica deve se valer de seu papel questionador e criar no aluno a capacidade de conhecer seu espaço, seu lugar e assim impor-se a ele como agente transformador e acrescentador de possibilidades para um melhor convívio social: “os teóricos educacionais e, mais precisamente, uma teoria da educação para a cidadania terão que combinar critica histórica, reflexão critica e ação social” (Giroux, 1968, p.252).
-ATUAÇÃO DO PROFESSOR:
Propiciador de conhecimento, detentor de autonomia e formador de opinião, o professor deve encarar o desafio de educar para a cidadania a partir de seus atributos. A atuação do professor, fundamental na construção do cidadão, deve ser compreendida a partir do pressuposto de que o professor tem consigo o poder de moldar os alunos. “... o poder que o professor possui é exercido por ele como uma forma de dominação cultural.”(CALLAI,2001, P. 139). Tendo consigo o dever de educar, a atuação desse profissional deve direcionar a posição critica do aluno, fazendo com que este entenda seu espaço e sua relação com o meio no qual ele esta inserido. Criando mecanismos metodológicos que faça surgir no aluno a tarefa de refletir sobre o conhecido e agir sobre o imposto socialmente. Ao professor cabe a grande tarefa de criar o criador, direcionar o agente transformador dentro dos limites da sociedade global.
- AULA E CONTEUDO:
“ E as aulas de geografia, o que são diante disso? As aulas de geografia, através de conteúdos que nada tem a ver com a vida dos alunos, que não trazem em si nenhum interesse, e muitas vezes pouco significado educativo, são vistas como “ naturais”.”( CALLAI,2001, P.139).
Esse paradigma freqüente dentro das salas de aulas são os fantasmas da educação. Pois desconhecem o objetivo de educar para a cidadania. Conhecer o individuo que se quer moldar, é fundamental para que se possa criar interação entre o educador e o aluno. As analises dentro dos parâmetros geográficos devem ter sentido para o aluno. Ele deve entender o porque de se estudar o clima, o relevo, os mapas, dentre outros. O aluno deve se sentir atraído pelos mecanismos apresentados, para que dessa forma a aula possa ter acréscimo a sua vida social. A realidade deve ser reconhecida nos conteúdos.
Infelizmente esse ideal não é adequadamente utilizado pela maioria dos professores, pois a fragmentação dos conteúdos leva o professor a tornar - mesmo que inconsciente- as aulas puramente descritivas e sem valor para os alunos em geral:”... a fragmentação acontece de tal forma que impede o raciocínio lógico capaz de dar conta do objeto que se deve tratar.” (CALLAI,2001, P.139).
Os diversos conteúdos tratados de forma isolada e abstrata sem relação um com o outro, leva ao distanciamento do entendimento da realidade concreta.
Helena Copetti abrange essa problemática de forma bastante concisa: “...as analises são feitas dividindo o mundo não pelas formas e interesses que se expressam no momento, mas por critérios “naturais” , físicos-geologicos-geomorfologicos, como se os fenômenos acontecidos no mundo atual fossem decorrentes de configurações naturais ou forças físicas, exclusivamente”.
A aula juntamente com o conteúdo deve ser metodologicamente construída, para fazer o aluno sentir e pensar seu meio e não simplesmente adequar-se a ele. Por mais que essa teoria esteja longe da realidade é bem percebível que no âmbito das aulas se façam criticas a realidade imposta para o homem, porem as critica morrem pelas criticas e assim não são validadas pelo aluno: “ isso acontece pelas informações veiculadas, quase sempre parciais e muitas vezes , preconceituosas e/ou ideológicas. Mas acontece também pelas praticas pedagógicas com que são trabalhados os conteúdos.” (CALLAI,2001, P.140).
Por isso os conteúdos nas aulas devem ser analisados de forma correlacionados e dependentes, mostrando sentido na realidade concreta do aluno. Dar conta de ensinar o aluno no âmbito escolar para que posteriormente ele possa ter uma visão global da sociedade.
O desafio agora seria o de mostrar ao aluno a realidade de forma mais concreta possível. “ um ensino conseqüente deve estar ligado com a vida, ter presente a historicidade das vidas individuais e dos grupos sociais, com um sentido para buscar o conhecimento existente e conseguir produzir conhecimento próprio”. (CALLAI,2001, P.143).
Esse é o objetivo de educar para a cidadania. Contruir através das aulas e dos conteúdos um auluno capaz de enxergar o que esta alem da sala de aula, fazer dele um ser questionador , um ser pensante de sua condição faca a sociedade, do seu papel como cidadão e não meros conhecedores de fatos e do mundo, mas interpretes de seu espaço de sua postura na sociedade.
Podemos assim finalizar estas linhas : “ É um tipo de educação que deve mostrar que é possível desafiar o que esta estabelecido, exercitar a critica, discutir os encaminhamentos, em vez de simplesmente aceitar.” (Giroux, 1986, p.262).
Por: Sâmmyla Cyndy
Baseada no artigo: geografia e a escola: muda a geografia? muda o ensino?(Helena Copetti Calai)